A linha e o anzol estavam no fundo no rio esperando peixes. Mas a linha parecia descontente.
-Seu eu soubesse que você era assim, todo torto, eu não teria vindo pescar, Anzol. Porque eu ando sempre na linha e sou muito direita.
O Anzol não podia falar porque tinha uma isca na boca. Os peixes vinham nadando e seguiam adiante, sem beliscar.
Ora o Anzol ficava parado, ora balançava nas águas claras do rio. O tempo todo ele pensava numa resposta para dar à linha.
Disse, enfim, pelo canto da boca, como os ventrílocos:
-Sei disso, linha, mas se eu fosse direito, não pegaria peixe e eu fui criado para pegar peixes.
A linha deu de ombros e, ao dar de ombros, balançou o Anzol e a isca. Um bagre que vinha passando ficou entusiasmado. Deu uma primeira mordida e achou a isca apetitosa. Deu uma segunda beliscada e levou um susto, a isca sumiu de repente, puxada para o alto.
Pouco depois a isca voltou e o bagre, entusiasmado, abocanhou-a e sentiu que uma força irresistível o puxava para o alto.
O pescador tirou o peixe do Anzol e deixou a vara sobre a areia. O Anzol e a Linha, que também tinham levado um susto com a força da fisgada, retomaram o fôlego. Foi então que o Anzol disse para a Linha:
-O direito do Anzol é ser torto.
Fonte: www.agela-lago.com.br
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